Síria: ‘Estamos prontos para o pior’, diz freira

20-05-2015 09:30

Milhares abandonam a cidade de Aleppo com medo da violência

Area na Siria, bombardiada por avioes da coalizão. Foto: Edlib News Network ENN

Area na Siria, bombardiada por avioes da coalizão em 2014. Foto: Edlib News Network ENN

“Nós nunca tivemos tanto medo como agora. Estamos prontos para o pior. Rezem por nós”. Este é o apelo dramático da Irmã Annie Demerjiaan, enviado de Aleppo à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

A religiosa católica armênia narra a trágica situação da cidade síria, de onde “milhares de pessoas já fugiram por medo da violência”. Muitos cristãos da cidade procuram refúgio no Vale dos Cristãos e nas regiões costeiras. “Muitos bairros estão completamente desertos”, acrescenta a freira.

Nas últimas semanas, piorou rapidamente a situação da comunidade cristã de Aleppo, que antes de 2011 contava com cerca de 150 mil fiéis. Em 10 de abril, Sexta-Feira Santa para os ortodoxos, o distrito predominantemente cristão de Suleymaniye foi bombardeado pelos rebeldes.

“Os fiéis ainda estão em estado de choque. Uma família inteira foi dizimada e muitas outras perderam entes queridos. Até hoje nós ainda encontramos partes de corpos debaixo dos escombros”. A irmã descreve cenas atrozes de vítimas despedaçadas pelas explosões. “Os dias depois do ataque foram marcados por inúmeros funerais. Nesses anos, nós ficamos acostumados com bombas e mortes, mas quem sobrevive vai ter feridas na alma para sempre, causadas por tanta dor”.

Os combates também danificaram muitas igrejas. O Patriarcado Melquita de Damasco informou de graves danos na catedral melquita da Dormição de Nossa Senhora, em Aleppo. Em 8 de maio, a igreja sofreu seu enésimo ataque e não pode mais receber celebração litúrgica alguma.

Apesar das circunstâncias trágicas, a irmã Annie continua oferecendo assistência, comida e itens de necessidade básica para a população, num trabalho que não seria possível sem o apoio da AIS. “Graças a vocês, nós podemos dar um pouco de segurança para aqueles que sofrem e um pouco de consciência de que eles não foram abandonados”, sublinha a religiosa.

Desde o início da crise síria em 2011, a Ajuda à Igreja que Sofre doou mais de 12 milhões de euros para os cristãos da Síria e do Iraque. Recentemente, a fundação papal concedeu uma subvenção de mais de 2 milhões de euros em projetos de assistência humanitária, que, entre outras localidades, também beneficiam a população de Aleppo.

A sede italiana da AIS lançou recentemente uma campanha extraordinária de recebimento de intenções de Santas Missas pelos sacerdotes que, corajosamente, permanecem na Síria junto da população.

 

Fonte: Zenit

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