Redes sociais ajudam ou atrapalham em um namoro?

12-01-2016 18:30

casal internet

A internet tem contribuído para os namoros deixarem de ser presenciais para se tornarem virtuais. Segredo de tudo isso é a maturidade que permeia o relacionamento

Ele criou coragem, pediu-a em namoro e ela aceitou. Supomos que o rapaz seja dos mais tradicionais e logo depois pediu autorização aos pais da moça: Ok! Os pais liberaram. Qual o próximo passo? Atualizar o status nas redes sociais. E assim, hoje, muitos relacionamentos vão se desenhando, na base do curtir, compartilhar, marcar e comentar. Parecem verbos coloquiais e simples, e são, desde que não sejam usados como normas de vida e muito menos regras arbitrárias para serem cumpridas. As redes sociais não podem ditar os próximos passos de uma relação. A caminhada é grande e é preciso que ambos estejam juntos para poderem superar obstáculos, questionamentos e até mesmo as temerosas, mas necessárias crises.

Chegar em casa e responder aquela mensagem do seu parceiro pode ser saudável, publicar aquela foto que significa muito para os dois também, mas até onde pode-se afirmar que, de fato, é saudável? Com o advento da internet muitos relacionamentos têm adotado uma nova maneira de se relacionar, é o famoso namoro à distância. Ele ama daí e ela ama de lá! E nem precisa os dois estarem em cidades, estados ou países diferentes, a distância entre ambos está no mesmo território. Entretanto, quem coloca limites no que foi, é e será publicado? São perguntas fáceis de serem respondidas, mas que ainda geram certas discussões. As redes sociais podem, sim, ajudar em um namoro, mas toda contribuição merece ser pesada para que não haja qualquer desconforto por excesso de bondade.

Lembra do carinha que no início da conversa pediu a menina em namoro, ela aceitou, que pediu aos seus pais e estes aprovaram? Agora imaginem como os amigos destes pombinhos irão ficar sabendo do novo casal 20. Adivinhou quem disse pela edição do seu perfil em qualquer rede social. Daí vem aquela chuva de likes, de gosteis, curtis, isso tudo no plural mesmo, porque vai aparecer gente de todo canto dizendo: “Êeeeeh que massa. Parabéns!”. Ótimo, isso é um sinal de que você tem amigos e conhecidos. É claro que para os amigos mais íntimos você ainda pode ligar para dizer a novidade ou eles já devem estar sabendo porque já vinham bolando com você o dia D, dia de pedir em namoro.

A primeira semana vai ser demais, todos os momentos vão desejar estar juntos, passar tempo juntos, sair para lanchar juntos, mas espera aí: como serão marcados esses encontros? Aaaaaah, chama no whats que dá certo. As redes sociais conseguem facilitar muitas coisas, qualquer urgência, recados, avisos: “Hey, vou demorar mais tempo aqui na Júlia, passe para me pegar mais tarde” ou “Amor, cheguei agora no treino, quando tiver saindo daqui falo com você”. São recados importantes, o que seríamos de nós sem essa comunicação rápida. Mas esses lembretes, que geralmente ficavam no nosso bloco de notas na área de trabalho do computador, vão dando espaço para assuntos mais importantes, mais delicados. A plataforma de tudo isso? Ainda as redes sociais.

É bem mais tranquilo resolver de casa, do seu sofá, no seu conforto, aquele assunto pendente que o casal vinha destrinchando. Contudo, a essência do olho no olho vai sendo esquecida e não tarda para ser colocada em escanteio. De assuntos corriqueiros, essas redes vão tomando corpo naquilo que rege o relacionamento. A conversa de perto, aquela que você vê a pessoa, consegue sentir e se expressar melhor, responder com rapidez, ouvir a tonalidade da voz, olhar para a gesticulação, essa conversa as redes sociais não podem dar para o casal. Receita para não se deixar levar por esse mundo encantador? Coloque limites, faça esse teste. Não deixe o seu namoro adormecer e nem cair no banal. Segredo de tudo isso é a maturidade que você utiliza para se relacionar. Se você consegue distinguir horários, momentos, assuntos, você consegue ponderar o uso das redes sociais.

Há casais que não gostam de publicar corriqueiramente aquela fotozinha com uma legenda cheia de amor, preferem esperar por aquela data de comemoração especial, de celebração de meses, anos de namoro: “Own, nosso dia 28!!!”, quem nunca viu?! Se estamos falando do impacto das redes sociais nos relacionamentos de namoro, vamos discutir: essas postagens têm sua importância, mas não devem ser usadas como principal assunto no encontro do casal. Em muitas rodas de conversa, só se fala do que os amigos publicaram. Busca-se estar bem em todos os status, ser marcado em todas as fotos.

Nos namoros, conheço casais que parecem precisar das redes para mostrarem que estão bem. Ficam, tipo, dependentes dessa aprovação virtual. Há até luas de mel em que cada movimento é postado, para dar a impressão de que está sendo mais legal do que é, quando, ao vivo, talvez não seja isso tudo, já que tá sobrando tempo para as contínuas postagens. Fica a dica: ponha-se numa postura de vigilância, questione-se! Estou deixando minha relação ficar mais superficial porque utilizo exageradamente meu face e não tenho tanto contato presencial com minha/meu namorado (a)? Bendito seja Deus se você tem uma relação que consegue equilibrar essa situação e nem faz dos meios de comunicação um ambiente de convívio permanente!

Na época do extinto Orkut, as ‘competições’ eram ainda mais presentes. Lembram-se dos depoimentos? “Ah, o topo é meu porque amo mais”, ou “Vsê é maiis que especial”. Jovens e adultos disputavam a colocação de importância na vida do outro e o mais interessante eram os caracteres, idiomas que só os dois decifravam, coração pra lá, pontos para cá, eram tantos atalhos que resultavam em símbolos que ainda hoje é difícil memorizar. E quando eram namorados? Ih, espero que realmente o topo seja do/a parceiro (a), porque senão, já viu. No facebook, hoje, a ‘disputa’ gera em torno do emotion. Qual o mais romântico? Qual ele ou ela vai entender melhor? Os companheiros preferem se esconder através de carinhas amarelas, acreditando que isso ali vai facilitar a compreensão do outro. Não vai, não tem o olho no olho, mais que isso, não tem maturidade.

A maturidade nas redes é tentar entender que quando o outro visualiza sua mensagem e não lhe responde não significa que o mundo vai acabar e nem que você não terá sua resposta. Tudo bem que a sociedade é imediatista, entretanto você confia, entende e espera o outro. Não é? O rapaz que pediu a moça em namoro lá no começo da história não vai deixar as redes sociais comandarem a relação, nem ela vai. Sejamos vigilantes e maduros. As postagens – excessivas podem criar expectativas de terceiros. Mas, e você? Os dois devem estar unidos (de perto mesmo) em Deus. A exposição vai levar o sabor do contato e do conquistado para o ciberespaço, para o mundo virtual. Fica a dica.

Mateus Ferreira

 

Contactos

Padre Antonio Furtado peantoniofurtado2015@gmail.com