O Vaticano reflete sobre as culturas femininas

03-02-2015 09:44

Quais são os espaços propostos para as mulheres na vida da Igreja? Que tipo de mulher é necessário para a Igreja de hoje? Quais são as características da presença das mulheres nas diversas sociedades e culturas? A Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Cultura abordará estas e outras perguntas em seu encontro sobre "As culturas femininas entre igualdade e diferença", que acontece em Roma de 4 a 7 de fevereiro.

 

Para apresentar o evento, participaram hoje na sala de imprensa da Santa Sé o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura; Anna Maria Tarantola, presidente da RAI; Monica Maggioni, diretora da RAI News 24, e Nancy Brilli, atriz.

A assembleia terá quatro sessões: “Entre igualdade e diferença: a busca de um equilíbrio”; “A geração como código simbólico”; “O corpo feminino: entre cultura e biologia” e “As mulheres e a religião: fuga ou novas formas de participação na vida da Igreja".

Participam do congresso os membros e consultores do Pontifício Conselho com nomeação pontifícia. O evento poderá ser seguido nas redes sociais através da hashtag #lifeofwomen. Nesta quarta-feira, 4 de fevereiro, está previsto um evento público no Teatro Argentina de Roma: serão cinquenta minutos em que se apresentarão vídeos, breves entrevistas, leituras e música ao vivo.

A programação está no site do dicastério, assim como as linhas de trabalho da Assembleia Plenária.

O cardeal Ravasi declarou que “a expressão ‘cultura feminina’ não significa separá-la da masculina; ela manifesta, antes, a consciência de que existe um olhar sobre o mundo e sobre tudo o que nos rodeia, sobre a vida e sobre a experiência, que é próprio das mulheres”. Ele anunciou também que há um desejo de criar depois, para o dicastério, uma consultoria feminina permanente.

Anna Maria Tarantola acrescentou que este congresso procurará refletir sobre o papel das mulheres no mundo contemporâneo e na Igreja e sobre a contribuição que elas podem dar com as suas especificidades e competências. “Há estudos que destacam que as mulheres têm algumas características muito apreciadas pelas empresas porque são aptas para gerir as crises”.  Ela recorda que “o trajeto rumo à igualdade não significa homologação de modelos” e que “temos características que nos diferenciam, mesmo na igualdade entre os seres humanos. Não devemos tender ao modelo masculino”. 

Outro assunto da assembleia mencionado na entrevista coletiva são as cirurgias estéticas, consideradas pelo documento como uma “burka de carne”. Esta definição “é tão acertada quanto aguda e foi dada por uma mulher. Salvaguardando a liberdade de escolha de cada um, será que não estamos sob o jugo cultural de um modelo feminino único? Pensamos nas mulheres usadas na publicidade e na comunicação massiva?”, indaga o documento. A este respeito, o cardeal Ravasi alerta para a “dimensão degenerativa” da prática ao perseguir um modelo determinado.

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